segunda-feira, 24 de maio de 2010

Minha Vida Sem Plástico


Todos nós sabemos que o PLÁSTICO é o resíduo sólido mais encontrado pelos lixos no mundo a fora, só de sacos plásticos são consumidos 1,5 bilhão por dia e mais de 80% dos plásticos são usados uma vez e jogados fora. O baixo custo de produção e a alta maleabilidade tornaram o plástico um material altamente consumido no mundo inteiro. O problema é que o plástico é produzido do petróleo, um combustível fóssil não renovável, altamente poluente e tóxico, além disso o plástico leva mais ou menos 500 anos para de desintegrar na natureza, por isso a importância de reciclar e reutilizar. Mas, já tentou imaginar a vida sem o plástico, nesse mundo de descartáveis?!
A repórter Camila Costa, Revista Super Interessante, fez esse teste, passou uma semana sem utilizar plástico e provou que não é impossível mas que a baixa demanda e o alto custo dificulta muito a vida de quem não quer se manter nesse mundo plastificado.

Confira abaixo o resumo da reportagem.

1º Dia: Oito da manhã, o despertador toca e me levanto, até ai tudo bem, meu despertador é de metal e uso chinelo de borracha como todo mundo. Vou ao banheiro, as coisas começam a se complicar, troco o assento da privada que era de plástico por um de madeira, ele é mais quentinho mas 10 vezes mais caro. No banho não posso usar xampu e condicionador (as embalagens são de plástico), lavo o cabelo com sabonete. Escovo os dentes com uma escova de madeira, que levei horas pra encontrar na Internet, e tenho que utilizar bicarbonato de sódio, desde 1990 o creme dental não é mais comercializado em tubo de alumínio. As cerdas da escova são super macias mas o bicarbonato parece sal, fico surpresa ao descobrir que as cerdas são feitas de pelo de javali. Troco minha carteira de tecido e plástico por uma de couro, assim como a bolsa. Nada de cartões (crédito, plano de saúde, locadora). Sinto falta do meu ipod pois não encontrei fones de ouvido que não seja de plástico. No trabalho sou obrigada a usar o computador, todinho de plástico. Não posso usar o meu celular porque tem a traseira de plástico, tento um chinês todo feito de metal mas ele não funciona, fico incomunicável. Recuso a bandeja no restaurante e me acham uma louca quando insisto em tomar o suco de laranja na minha própria caneca.

2º Dia: Vou à padaria, e só depois de muita insistência o atendente me deixa levar o presunto só na embalagem de papel. No mercado procuro um substituto pro queijo do dia a dia, embalado em plástico ou em isopor (um tipo de plástico), acabo comprando um queijo francês porque vem em embalagem de papel, 4 vezes mais caro e mais gostoso. Aproveito e compro um desodorante aerosol, em lata de metal, e algumas frutas, que foi mais fácil de carregar do que eu pensava, pois levei minha ecobag. Tá um solão mas não posso usar meus óculos de sol pois são de plástico. De tarde lancho apenas uma maça, nada de barrinhas, biscoito, chocolate, parece que se come menos sem plástico, bom, acho que emagreci.

3º Dia: Na faxina, nada de balde plástico, pá, nem produtos de limpeza. Só uma vassoura de madeira, um balde de alumínio, suco de limão, água e sabão em pó (de caixa de papelão). Saio de casa, estou com sede e percebo que não existem mais água que não seja em embalagem de plástico na rua, sobra o refrigerante, que certamente me dará mais sede, então resolvo não tomar nada. De noite vou jantar com minha irmã e tenho que pagar R$ 9 numa água, era a única que vinha em garrafa de vidro no restaurante.

4º Dia: Abro o guarda-roupa e procuro algo mais confortável pra usar no calor, percebo que quase todas minhas saias, shortes e vestidos tem plástico, nos botões, zíperes e no próprio material (poliéster – que é um tipo de plástico). Meu guarda roupa sofre uma baixa considerável, encontro um vestido de algodão que salva meu dia. Vou à feira achando que seria mais fácil comprar comida sem plástico, mas me engano, todos os feirantes me oferecem sacos plásticos e boa parte das verduras e frutas já estão embaladas. Compro pouco porque não posso sacar dinheiro (o cartão é de plástico, lembra?). Como um pastel mas tenho que pedir um copo de vidro no bar da esquina pra tomar o caldo de cana.

5º Dia: Deposito o lixo reciclável em caixas de papelão e o orgânico em sacos de papel colocados na cozinha e no banheiro, o prédio se recusa a recolher e tenho que levá-los no deposito na garagem. Apesar disso, tenho menos problemas que imaginava, as sacolas feitas de papel kraft, são grossas, não molham e nem ficam fedidas. Percebo que estou produzindo menos lixo.

6º Dia: Ir ao supermercado é horrível, não dá para comprar nada que forme uma refeição. Me dou conta que não posso comprar iogurte, feijão, arroz, cereais. Até numa loja de massas frescas perto de casa só vendem em sacos plásticos.

7º Dia: Não sinto falta da maioria das coisas que não posso usar. No trabalho recebo parabéns dos colegas por continuar usando minha canequinha, mas no aniversariante do mês tenho que me lambuzar comendo bolo sem prato e garfo de plástico. Chego em casa, vejo tv no computador e vou dormir. Meia noite, acabou. Não consegui me livrar de todo plástico na minha vida, mas deu pra mudar alguns hábitos. Mandei todos os sacos plásticos pra reciclagem e pretendo continuar usando o de papel. Me apeguei a minha caneca e vou substituir meus utensílios na cozinha. E algo me diz que passarei mais horas no supermercado para escolher o que comprar.


Fonte: Revista Superinteressante – Editora Abril – Dezembro/2009

Postado Por: Suelen Cardoso

Um comentário:

Alyson disse...

É impossível viver assim. Melhor ela sair da cidade e viver como um animal na selva.