terça-feira, 17 de novembro de 2009

CONEUFPE - Mesa de Meio Ambiente

O Congresso dos Estudantes da UFPE (CONEUFPE) foi realizado nos dias 4 a 8 de novembro, sendo um evento organizado pel@s estudantes e teve como tema principal: UFPE: qual o seu papel?

Uma das mesas do evento foi sobre meio ambiente, facilitada por Thomaz Enlazador (do Bicho do Mato), Flávio Boleiz (USP) e Sandro Sayão (professor de filosofia da UFPE), que apresentaram, respectivamente, "Consumo Sustentável como um novo paradigma de sustentabilidade", "Ecopedagogia" e "O tempo certo está aí: o desafio ético do novo milênio e a necessidade de um novo sentido do humano". A discussão foi tão produtiva, o debate tão participativo e construtivo, que resolvi deixar aqui os pontos principais do que mais me chamou atenção nessa construção, com minhas palavras:

-> A Ecopedagogia como sendo uma pedagogia da diversidade
O ser humano insiste em separar as coisas, separar suas áreas de atuação. Sociedade, meio ambiente, economia, espiritualidade...deve-se unir os conceitos para pegar a raiz do problema. A escola prepara a criança para esse novo mundo. É preciso um novo mundo para uma nova educação. E a ecopedagogia envereda por um caminho de contemplação das demandas dos seres humanos e o respeito à diversidade, não só quanto às muitas personalidades, origens e culturas, mas com relação às mais variadas capacidades humanas. A ecopedagogia vem, aos poucos, ganhando seu espaço no Brasil, e aqui quero destacar como ela vem entrando cada vez mais nas vidas acadêmicas. Na UNB, UFPE e na UFRS já existe disciplina sobre ecopedagogia. Fala-se em ecopedagogia no RJ, onde há possibilidades de uma futura disciplina sobre. Fora das vidas acadêmicas ou dentro delas mas não em forma de disciplina, há pessoas trabalhando com ecopedagogia no PR, em SC e na USP.

Para se aprofundar: - A Ecopedagogia como pedagogia apropriada ao processo da Carta da Terra, por Moacir Gadotti

- Carta da Ecopedagogia

-> As crises

As crises pelas quais passamos são sinais de alerta, de coisas que devem ser mudadas, repensadas. É preciso trabalhar com o positivo, o pensamento positivo de que um mundo melhor é possível, ao invés de se focar no estado doentio do mundo atual.

-> Os animais não-humanos como sendo seres desprovidos de direitos

Outros animais são desprovidos de direitos porque só tem direito quem tem dever. E eles não têm dever. Isso não impede que tenham seu espaço na Terra como qualquer um (a) de nós. O ser humano sempre tem essa necessidade de antropofizar todos os seres para então achar que eles merecem o devido respeito. Uma visão extremamente antropológica.

-> A universidade e a falta de prática dos conhecimentos adquiridos

A Várzea, bairro que fica no entorno da UFPE, tem o menor IDH da cidade do Recife. Um bairro no entorno de uma universidade que esbanja conhecimentos, pesquisas, etc. A questão é que esses conhecimentos quase nunca são levados para a prática da vida cotidiana e para os problemas da sociedade. O que vemos, como costumo dizer, são produtores de artigos que só fazem constatações.

-> A privatização da água

"A água é um bem da humanidade" (Thomaz Enlazador). Não deve ser privatizada. Empresas que dominam a privatização da água: 1º - Nestlé

2º - Coca-cola

(A Kraft Foods comprou a Danone e está disputando o 2º lugar com a Coca-cola)

Precisamos ficar alerta com relação às grandes coorporações. "A educação ambiental tem de ser crítica e emancipatória" (Thomaz Enlazador). O Centro Ecopedagógico Bicho do Mato tem sua própria água, sem precisar comprá-la. Sobre o Bicho do Mato: http://bichodomato.noblogs.org/ .

-> Usina nuclear em PE

Sim, uma usina nuclear em PE. E nós, pernambucan@s, não fomos consultad@s sobre isso.

Para saber mais, acesse: Governo de Pernambuco planeja usina nuclear próxima ao rio São Francisco

-> Desobediência Civil não-violenta

"As pessoas têm voz, direito, e não conseguem falar, não fazem nada" (Thomaz Enlazador). Acostumadas a grandes esperas em filas de bancos e supermercados, as pessoas estão sempre baixando a cabeça para o sistema e não se mobilizam pra exigir seus direitos. E o exemplo das esperas em filas é apenas um em meio a uma vastidão de situações que acontecem todos os dias, em várias partes do mundo. É preciso fazer mobilizações quando em situações como essas para que algo mude, principalmente nas pessoas que estão vendo. A desobediência civil não-violenta é uma boa forma de mobilizar pela exigência dos direitos. Para saber mais: http://aartedepensar.com/leit_desobcivil.html

-> Debate/discussão após as apresentações

O debate que se seguiu foi muito construtivo e inspirador. Começou com uma discussão sobre a segregação dos movimentos, das lutas. Há uma necessidade de união desses movimentos, para assim ter-se uma luta completa, ou várias lutas completas. A mudança deve vir de dentro para fora, sendo assim verdadeira. "Ninguém deve libertar ninguém, cada um deve agir por sua liberdade" (Paulo Freire).

Não precisamos sempre nos deslocar para sermos mais sustentáveis. Podemos transformar nossa comunidade em uma comunidade mais sustentável. Somos seres de política, portanto, de atitudes e pensamentos políticos. Essa pode ser a base de nossos princípios e ideais.

Ações micro x ações macro: sendo micro ou macro, deve-se buscar coerência em tudo que se faz. Uma coisa é lutarmos contra o desmatamento de parte da Amazônia lá e aqui continuarmos consumindo descartáveis, sacos plásticos aos montes e comendo a carne proveniente da Amazônia. Outra coisa é juntarmos essas duas ações. Não falo aqui de uma coerência total, mas de uma busca por essa coerência, já que sei que fomos inseridos e quase obrigados a entrar nesse sistema capitalista e que pode ser muito difícil sair dele, dependendo de cada pessoa. Essa coerência é a "internalização dos sentidos. É a impregnação de sentido em nossas vidas" (Gabriela Peregrino, estudante de ciências ambientais da UFPE). Por fim, os seguintes questionamentos foram lançados e posteriormente discutidos:

Será que queremos só coisas necessárias? Uma vida sem fugalidades?

-> Divulgação: IV Encontro de Consumo Sustentável e VI Festival Estadual de Economia Solidária

IV Encontro de Consumo Sustentável: acontecerá dia 20/11, no Parque 13 de maio, às 9h.

VI Festival Estadual de Economia Solidária: 4, 5 e 6 de dezembro, na Praça do Arsenal.

-> Livros e vídeos recomendados pelos facilitadores

- Falas de Paulo Freire no You Tube: http://www.youtube.com/results?search_query=Falas+de+Paulo+Freire&search_type=&aq=f

- Livros: Educação do Trabalho;

Estrela da Redenção

Contatos: - Flávio Boleiz: boleiz@usp.br

- Sandro Sayão: sandro_sayao@hotmail.com

- Thomaz Enlazador: ecopedagogia@gmail.com

Por: Aninha Caldas

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